O Odissi é uma forma de dança graciosa, escultural, lírica e sensual e cada aspecto de seu figurino foi observado para compor e ressaltar suas mais belas qualidades de movimento e beleza.
O Odissi é uma arte composta por outras tantas artes como música, literatura, escultura, teatro, pintura e observa como um dos seus importantes aspectos, aquilo que é chamado Aharya Abhinaya, ou a arte da ornamentação. Aharya é de importância fundamental, sendo o Odissi uma arte visual. A descrição detalhada do figurino, ornamentos e maquiagem são encontrados em alguns textos tradicionais datando a partir do século 15.
O texto Abhinaya Chandrika, contem descrição detalhada do figurino, ornamento e maquiagem da dança Odissi. De acordo com o autor, o figurino de Odissi consiste em Patta Sari (sari de seda nativa) de cor brilhante medindo de 5 a 6 metros de comprimento. Esse sari é caracterizado pela impressão tradicional em suas bordas, com design típico do estado de Orissa. Saris de Orissa tem um grande valor cultural. Alguns registros do templo de Jagannath em Puri, datando do ano de 1.719 , falam de saris ricamente adornados, com versos do poema Geeta Govinda registrado neles. Bem como motivos do templo, lótus, conchas e outras imagens conectadas com inúmeras divindades do panteão hindu.
O sari é cuidadosamente cortado por um mestre nesse saber, para confeccionar a calça, com um leque central ou transversal e uma saia, unidas em uma única peça. Também com o sari é confeccionado o Kanchula (blusa) e uma dupata (que cobre o peito).
Os ornamentos prescritos no Abhinaya Chandrika são todos tradicionais e muitos deles estão representados nas esculturas dos templos de Orissa. Mas o número de ornamentos é muito grande para propósitos práticos. Por essa razão, há uma tendência de se usar menos ornamentos, para que a dançarina possa se movimentar livremente. O alaka é hoje geralmente usado como o único ornamento para a cabeça; Kapa para as orelhas; Chapasari e Padakatilaka para o pescoço; Tayita para os braços; Karakankan para os punhos e Bengapatia (cinto) para a cintura. O uso de qualquer ornamento para as pernas e pés além dos guizos foi dispensado.
Um dos modelos de penteado prescrito pelo autor do Abhinaya Chandrika e adotado pelas dançarinas de Odissi é o Puspachuda, um coque decorado com uma guirlanda de flores brancas ou uma coroa. A coroa (Mookut) com uma pequena torre (Tahia), representando a torre dos templos, são confeccionados a partir da pele de junco. A torre é um símbolo da benção de Lord Jagannath e o “último adorno” a ser colocado. Sabemos que em especial esse adorno, não é apenas um mero símbolo, mas um meio pelo qual o ritual de preparação é coroado pela consciência de que a arte é um canal valioso de aproximação do sagrado. Nas esculturas Oriya, as figuras femininas em sua maioria apresentam os penteados puspachuda.
A maquiagem também é descrita no mesmo texto, e inclui: Gorachana, uma marca vermelha entre as sobrancelhas ou um bindi (ou kilaka) de cor vermelha escura; uma marca de beleza desenhada no queixo; kajal negro nos olhos para realçar o olhar, afunilando no canto dos olhos, se aproximando à forma da cauda de um peixe. A forma do “peixe” é um elemento e símbolo de auspiciosidade. As mãos e os pés são pintados com alta, um líquido vermelho próprio para essa finalidade.
Este valioso vídeo capturou um momento muito especial onde a dançarina Sharon Lowen é maquiada pelo seu Guru, Padmavibhushan Kelucharam Mohapatra, durante uma turnê em USA na década de 80.