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A expressão “Mahari” é um derivado de duas palavras em Oriya ‘Mahan’ e ‘Nari’, significado donzelas divinas. Elas eram um grupo profissional, uma classe de sevayats do Senhor Jagannath. Consistiam em seis categorias diferentes de sebikas, às quais eram atribuídos diferentes sevas (serviços). Elas são como se segue:
1. Bhitara Gauni : Ela cantava no recinto interno do templo, no sanctum sanctorum. Seu serviço era reservado para a noite durante o Badashingara Vesha do Senhor.
2. Bahara Gauni : Ela realizava seu seva além dos recintos internos do sanctum sanctorum. Ela deveria cantar durante o café da manhã do Senhor ou Sakala Dhupa, e outras festas que eram celebradas no templo.
3. Nachuni : Elas eram da comunidade dançarina que realizava seu serviço através da dança.
4. Patuari : Elas eram o grupo que fornecia o traje ou Patani do Senhor e deveriam vesti-lo.
5. Raj Angila : Ela era a servente do Gajapati Maharaja ou Rei, que era considerado o Senhor Jagannath em carne e osso.
6. Gahana Mahari : A elas eram atribuídas tarefas especiais somente em ocasiões especiais e sempre prestavam o serviço em grupos. Não havia seva individual para elas.
7. Rudra Ganika : Elas eram a comunidade de comcubinas nomeadas para o prazer do Rei, mas não eram de forma alguma nomeadas pelo templo ou conectadas com qualquer um de seus rituais.

A dança desta classe Nachuni de Mahari não deve ser referido como o Mahari Nrutya, em vez disso, deve ser referido como o Devadasi Nrutya. Esta classe de Maharis realizava a Devadasi Seva. Diz-se que depois de Chodagangadeva subiu ao trono de Utkal em Puri, com a ajuda de um famoso Tântrico, Nitei Dhobani, também fervoroso devoto do Senhor Jagannath, ele nomeou donzelas virgens das regiões do sul da Índia, para prestarem os seus serviços ao Senhor Jagannath. O templo atual foi construído e de acordo com a crença popular, a seva Mahari foi introduzida por este rei, entre o século 11 e 12. Isto, obviamente, não significa que a religião do Senhor Jagannath era tão jovem quanto a ser datado em algum momento entre o século 11 e 12. Na realidade, a religião do Senhor Jagannath é tão antiga quanto a criação deste universo. Outros deuses e deusas do panteão hindu surgem posteriormente. O mais autêntico e mais antigo texto, o Rig Vedam menciona Lord Jagannath em sua 10ª Mandala:

“Ado Jaddharu plavate sindhou pare apurusham”

Na verdade não se encontra menção dos deuses e deusas nos Vedas. Agora, se a cultura, os rituais eram tão antigos, a tradição de dança também o eram? Na verdade, no início, Senhor Jagannath era adorado de forma mais rústica, não da forma ariana. Os rituais, de acordo com as normas prescritas em diferentes textos, foram realizados pela primeira vez apenas após Adishankaracharya, ou seja, em torno do século 9. Ao mesmo tempo, acredita-se que a tradição da dança seja ainda mais antiga. Isso é, contudo, controverso. A origem das Maharis como um grupo profissional de Sevayats ainda está para ser revelado pela história.

A seleção das jovens meninas a serem aprendizes de Maharis era que qualquer menina, evidentemente uma criança, poderia ser instruída como uma Mahari, se ela se adequasse às normas e condições do processo de seleção. A menina escolhida para o aprendizado deveria ser fisicamente perfeita. No dia fixado de acordo com a posição planetária, a menina era banhada com pasta de cúrcuma. Permanecia em jejum e decorava -se com pasta de sândalo e usava o Khandua Patani e Swarna alankara (vestes) simbolicamente doados pelo Senhor, para mostrar que ela estaria sob a custódia do Senhor. Após isso, ela era levada para o templo e depois de um breve ritual ela era levada para o Sri Nahara onde ela buscava audiência privada com o Gajapati Maharaja de Puri, que é considerado o Senhor Jagannath em carne e osso. Ela era então enviada para ser treinada pela Mahari Guru e, depois de estar apta para o seva, inicia o serviço de adoração dançando com entrega total ao Senhor. Os rituais de Lord Jagannath são prescritos no Niladri Moahodaya que é uma parte do Suta Samhita. Niladri Mahodaya menciona a dança apenas uma vez, durante a cerimônia da instalação do Senhor. Ele diz:

“Gitanrityatisamsabdoh dibyojani Dwija Jada mukharthamagatasarve sarvalokanibasinaha”

Diz-se que foram as Apsaras (dançarinas celestiais), Menaka e Rambha, que adornavam a corte de Indradeva, que apresentaram pela primeira vez no templo de Jagannatha. A linhagem das Maharis deve sua origem às Apsaras. Mas nenhuma informação fornecida diretamente pelas Maharis pode ser confiável, pela razão de que elas não eram letradas nem sabiam nada além de seu seva. O seva Mahari não era uma profissão hereditária. Tão pouco as Maharis tinham qualquer relação biológica, já que deveriam permanecer sexualmente inativas e manter sua virgindade. Aquelas que desejavam criar famílias eram impedidas da prestação de seva.

Dança era uma parte essencial das práticas rituais e, portanto, era uma parte importante do culto. Esta dança era realizada por uma seção de Maharis chamada Nachunis. Os momentos do dia quando uma Nachuni deveria realizar seva, ou seja, dançar, era durante o café da manhã do Senhor (Sakaladhupa) e o mesmo era realizado no Nata Mandapa, bem diante dos olhos do público. Esta dança era sempre uma dança pura, sem qualquer acompanhamento de música. A dança executada durante a noite (Badashingara Vesha) era um ritual mais clandestino e era realizado quando o Senhor retirava-se para a cama. Durante este período, a Mahari costumava entrar no Kalahata Dwara, como devi ou um ser divino, e apresentar apenas para o Senhor perto de sua Ratna Simhasana. Ela representava posturas de Abhinaya do Geeta Govinda e era normalmente acompanhada por um vocalista e um percussionista, que permaneceriam fora do Kalahata Dwara. Além disso, as Maharis tinham outros sevas durante os festivais, que para serem descritos transformariam este texto em um livro.

As Maharis não tinham vida social. Elas costumavam viver como rainhas em uma Sahi chamada Mahari Palli ou Anga Alasa Patana. Elas nunca eram permitidas livre audiência com qualquer homem e para ter certeza de que elas levavam uma vida totalmente pura e casta, costumavam ser monitoradas pela Mina Nahaka e o Sahi Nahaka, as Maharis mais velhas.

Gostaria de mencionar aqui que Padmavati, a esposa de Jayadeva, o famoso santo poeta do século 12 e o escritor do famoso clássico literário lendário, o Geeta Govinda, foi uma Mahari. Diz-se ter se casado com Jayadeva em circunstâncias misteriosas, sob a orientação divina do Senhor Jagannath. Ela pertencia a Paralakhemundi na parte sul de Orissa, então conhecida como Kalinga. Ela foi de vital importância para ajudar na criação deste épico mundialmente famoso. Diz-se que Jayadeva escreveu esta obra-prima encantado por sua beleza. Diz-se que ela costumava dançar irradiando o esplendor de Shrimati Radharani e Jayadeva costumava cantar o Geeta Govinda totalmente envolvido por seu charme. Isso foi mencionado durante os capítulos iniciais do Geeta Govinda. O verso segue:

“Padmavati Charana Charana Chakravarti”

É uma questão de pesar que esta grande tradição de Maharis esteja totalmente extinta agora. Algumas pessoas eram da opinião de que estas jovens, incapazes de controlar os seus instintos humanos, foram levados para a prostituição. Contudo, não há registro que fundamente tal opinião. Durante uma audiência com o Gajapati Maharaja Shri Dibyasingha Deva, ele afirmou que o Nachuni Seva morreu uma morte abrupta durante o regime de seu avô. Ele disse que não havia nenhum caso de qualquer tipo de impureza com as Maharis. Nos registro do templo do ano de 1952, consta entre a lista de 119 sevas, o Geeta Govinda seva mencionado na seção 74. A seção 75 menciona a Bhitara Gauni Seva. Mais possível que em 1952 o Nachuni seva já havia cessado.

Qualquer que seja a causa para isso, permanece o fato de que a seva Nachuni saiu dos recintos do templo. Sem dúvida, o espetáculo de dança das Maharis eram uma forma de arte divina cuja extinção representou uma grande perda para a rica herança cultural de Orissa. Não deveríamos nos esforçar para preservar esta forma de dança tradicional em toda a sua pureza original?

Por Rahul Acharya, Bhubaneswar – Índia – https://rahulacharyaodissi.wordpress.com/
Novembro 2001
Foto: Swadesh

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