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Ta, thei, karataka thei … você já deve ter ouvido essas sílabas sendo tocadas por uma percussão indiana, acompanhadas pelas batidas dos pés dos dançarinos ao passar por perto de um local de práticas de dança clássica indiana. Os pés reproduzem as sílabas do mardala – a percussão da dança Odissi, acompanhados pelo som do Ghungroo, Ghunghru ou Ghungur, como são chamados os guizos metálicos atados ao tornozelo dos dançarinos. Bem diz os tratados indianos da dramaturgia, que o doce som do jogo rítmico dos Ghungroo de um dançarino habilidoso pode promover alegria no coração dos ouvintes, atrair e encantar não só os seres humanos, mas também os seres celestiais e toda a natureza.

Se você achou que um Ghungroo é apenas uma parte da “fantasia”, então pense duas vezes. Filosoficamente o Ghungroo está ligado ao significado mais profundo da imagem de Sarasvati, a deusa das artes, da música, da ciência e da sabedoria. Consciente da relação de um instrumento musical com seu significado mais profundo, o dançarino utiliza seu Ghungroo com profundo sentimento de adoração e reverência. Um Ghungroo é guardado com zelo e cuidado assim como o fazemos com um “mala” – colar de 108 contas, uma espécie de rosário utilizado para recitar um nome divino. É por esta razão que não vemos um dançarino atar seu Ghungroo, sem antes prestar na sua intimidade, uma sincera homenagem aos seus predecessores com profundo sentimento de gratidão e reverência, para então ata-los ao tornozelo. Ghughroos desempenham um papel importante em todos os estilos de dança clássica indiana. Os dançarinos executam intrincados padrões rítmicos, enquanto “tocam” a Mãe Terra com as plantas dos pés. Efeitos musicais especiais são executados pelos pés do dançarino e reforçados pelo uso dos Ghungroo, que acentuam a marcação rítmica da dança e permite que o complexo trabalho rítmico dos pés seja ouvido pela audiência. Os padrões rítmicos dos pés dos dançarinos podem corresponder exatamente aos instrumentos de acompanhamento, como a Tabla ou os dançarinos podem criar espontaneamente padrões rítmicos individuais dentro do ciclo rítmico fixado como no caso do estilo Kathak. A beleza emocionante deste jogo rítmico não poderia ser apreciada plenamente pela audiência não fossem os guizos. No Kathak os dançarinos podem fazer os Ghoonghroos soarem muito alto, como fortes chuvas de monção ou muito suavemente, como o som de pingos de chuva e dependendo da habilidade do dançarino, pode fazer tilintar o som de um sino apenas, para em seguida aumentar o volume dos guizos de um som suave e leve a um volume muito forte e estrondoso.

O som produzido pelo Ghungroo varia dependendo de sua composição metálica e tamanho. Os guizos, que a maioria dos dançarinos usam são feitos de latão. São duráveis ​​e muitos dançarinos são da opinião de que quanto mais velhos e usados, mais valiosos se tornam. Ghunghroo muito usados ​​devem ser preservados com muito cuidado, uma vez que seu som pode tornar-se mais doce após usá-los por muitos anos. Devido a fácil disponibilidade, custo razoável, durabilidade e som forte, os Ghunghroo de bronze são usados ​​pela maioria dos dançarinos clássicos indianos. Alguns especialistas são da opinião de que o som dos Ghoonghroos de bronze, são poderosos e atraem a atenção dos Gandharvas – músicos celestiais.

Foto: Dárida Faggi

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