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Gosto desses posts em que compartilho encantada os relatos das minhas alunas sobre o processo delas no aprendizado da dança Odissi. Cada um desses processos indiretamente fala da mesma frequência que acredito mencionava Joseph Campbell ao dizer “Follow your Bliss”, “Siga a sua felicidade”.

Valéria é daquelas pessoas que nos encanta pela perseverança e a qualidade com a qual se “entrega” no processo de aperferfeiçoamento interno onde a dança Odissi se configura como um meio para que isso se processe. Ela sempre teve uma questão muito forte com o corpo que com frequência se machucava por conta da sua hiper-mobilidade articular, mas ela contrariou o diagnóstico de médicos e ortopedistas que diziam que ela nunca poderia fazer dança. Ela se apaixonou pelo Odissi, uma técnica que sabemos, tem lá seu nível de complexidade e esforço. O interesse pelos processos do corpo e os cuidado que isso inspira, encontrou no Odissi a possibilidade de trabalhar não só o corpo, mas também a mente e a conexão espiritual. Reforço que quando falamos aqui de dança, falamos de uma atividade que integra os processos do corpo, da mente e a espiritualidade que a tradição é capaz de colocar diante de nós.

Silvana: Me conte porque você escolheu fazer esse estilo de dança. As aulas são o que você imaginava ser?

Valéria: “A sensação que tive a primeira vez que vi uma dançarina de Odissi se apresentando. Sempre fui apaixonada por dança, mas ver uma apresentação de Odissi me traz uma emoção que não consigo expressar em palavras. E quando vejo o pacote completo que a prática de Odissi traz – vigor e saúde físicas, melhora de aptidões neuromotoras, organização corporal, mental, emocional e espiritual pelo seu caráter meditativo, a beleza estética e as histórias mitológicas que são um alimento para a alma… As aulas online são para mim a realização de um sonho de muitos anos! O apoio que precisava pra perseverar na prática pessoal.”

Silvana: Quando começamos a aprender o Odissi, muitas vezes praticamos em frente ao espelho e pode parecer estranho não vermos ainda uma forma escultural e sinuosa ali materializada no nosso corpo e movimento. Muitas vezes temos em mente a imagem adquirida pela visualização dos movimentos de uma dançarina já mais experiente, com alguns anos de prática e que muito nos encantou. No início você pode até se sentir estranha, desconfortável e começa a duvidar se de fato leva jeito para esse estilo de dança. Todos nós passamos por essa fase até que aos poucos começamos a observar que a forma devagar começa a tomar corpo em nossos movimentos e gestos. Uma coisa te digo: absolutamente todas as habilidades físicas só podem ser adquiridas com tempo de prática e dedicação. Isso ainda requer que adquiramos também bons hábitos internos e muita vontade e paciência para com nós mesmas. Bem verdade, antes de uma dança ser bela e ter significado para o outro, é importante que ela tenha para nós mesmas, não é verdade? Pode compartilhar um pouco de suas percepções?

Valéria: “Queremos sempre a experiência completa, e chegar a essa plenitude requer mesmo muita paciência, perseverança, construir camadas e camadas de detalhes e lapidações. Se olho para trás e vejo algo que o Odissi me ajudou (e ajuda) em todos esses anos a construir, é esse sentido de amor pelo meu processo. Amar o caminho, ver que em alguns pontos não estou alcançando o almejado, e fazer esse super exercício de me afastar do objeto de desejo, ampliar o olhar e apreciar o caminho… Que há dias e dias, alguns onde tudo flui, da sensação gratificante que vem dessa fluidez, outros onde o corpo é o empecilho, muitos onde a mente é que é, e a vontade de desistir vem. Mas tem algo maior que nos enlaça, e o mantra “respira e continua” é o maior ensinamento. Não só para dança, para a vida!”

 

Silvana: Você acha que a prática dessa dança estartou alguma mudança na sua vida pessoal? se sim, podes falar um pouco sobre?

Valéria: “Muitas mudanças! Como expliquei acima, e complementando, me ensina a olhar para lugares onde não me sinto suficiente, e aprender a tornar isso leve. Tenho essa questão forte com o não me permitir errar (e geralmente já preferia desistir pra não me frustrar), isso gera uma falta de perseverança, de coragem… O Odissi não é nada fácil, é preciso exercitar muito a paciência, o amor próprio, e olhar pra esses locais de falha com amor…e também com leveza, tentar resgatar esse lado criança que vai lá experienciar algo sem esse compromisso que criamos com o ego. Complexo né? Ser corajoso, perseverante e compromissado, e ao mesmo tempo manter a leveza de quem sabe rir das próprias falhas.”

Valéria Silva é Naturopa, Terapeuta Ayurvédica e Astróloga de Florianópolis (SC). Frequenta workshops do Padmaa desde 2008 e faz aulas regulares e online de Odissi há quase um ano.

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