Por Silvana Duarte
“Oh Tu, diante de quem todas as palavras recuam.”
O vídeo acima é uma invocação a Ardhanārīśvara – o Senhor que é metade mulher. Um dos mais belos elogios ao Pai-Mãe divino, do santo filósofo Adi Shankaracharya (séc. VIII).
A invocação aqui representada na elaborada dança (teatro) clássica indiana – Odissi, revela um ser andrógino, cuja metade direita é masculina e metade esquerda é feminina. Retrata os pares de opostos complementares, em perfeita sintonia, mesmo que distintos e separados, estão harmoniosamente unidos. Representa a síntese da energia masculina e feminina no universo, que convivem e interagem, complementam-se e constroem juntos, no ser humano, qualidades como ternura e o vigor, com subjetividade fecunda e objetividade segura.
Foi pensando na comunidade das artes cênicas, do yoga e publico em geral, não só nos praticantes de dança indiana, que o Padmaa elaborou o curso “Entre o Corpo e o Coração”. O objetivo do curso é fornecer uma experiência com a expressividade indiana, por meio da técnica e do “espírito ou essência” que permeia a dança tradicional indiana. O estudo e a aplicação das orientações mencionadas em textos clássicos, favorecem a compreensão da essência ou presença interna que nos dá a exata percepção de que dança (e teatro-parte da dança indiana) e yoga é uma coisa só.
O curso será ministrado pela profa. Silvana Duarte. No Módulo 2, o participante aprenderá como contar histórias por meio dos mudras (também chamados de hasta), que compôem a linguagem gestual das mãos que dão suporte à narrativa. É uma experiência enriquecedora construir um gesto de presença e significado no próprio corpo. Saiba mais sobre o curso: https://padmaa.com.br/entre-o-corpo-e-o-coracao-modulo-1-e-2/
cāmpeya gaurārdha śarīrakāyai karpūra gaurārdha śarīrakāya
dhammillakāyai ca jaṭādharāya namaḥ śivāyai ca namaḥ śivāya
“Um lado resplandece, dourada flor, tranças ornadas de pérolas.
O outro, cânfora luminosa, cabeleira emaranhada.
Dela, o som cantante de pulseiras e axorcas.
Dele, os pés de lótus e tornozeleiras de serpentes faiscantes.
Ela, adornada de braceletes de ouro; ele, tem o seu feito de víboras.
Ela, ostenta uma guirlanda de flores de hibisco.
A dele, é uma fileira de crânios, envolta no pescoço.
Ela veste raras sedas divinas.
Ele, é de ar vestido, apenas.”
Bailarina: Silvana Duarte
Coreografia: Guru Kelucharam Mohapatra
Vídeo e Edição: Dárida Faggi
Tradução livre do verso Ardhanārīśvara: Profa. Lúcia Fabrini de Almeida